25/11/2009

Propósitos Pessoais, Propósitos da Disciplina e Memorial Reflexivo

PROPÓSITOS PESSOAIS

Considerando que a aprendizagem é um processo contínuo na vida do ser humano, meu principal propósito é sempre aprimorar minha prática profissional e construir novos saberes através da interação. Enquanto formadora do Gestar II, acredito na proposta do Programa e dedicarei a contribuir com o desenvolvimento da competência e autonomia dos professores cursistas, de forma que possam propiciar aos alunos o desenvolvimento das habilidades de compreensão, interpretação e produção dos mais diversos textos. E que, além de usuário competente da língua, seja também eficiente enquanto mediador nas diferentes situações de interação com seus alunos.


PROPÓSITOS DA DISCIPLINA

O Gestar II de Língua Portuguesa é um Programa de Formação Continuada semipresencial para professores (as) que atuam nas séries finais do Ensino Fundamental e tem como objetivo possibilitar ao professor um trabalho que propicie aos alunos o desenvolvimento de habilidades de compreensão, interpretação e produção dos mais diversos textos, visando à inserção dos alunos na sociedade, como cidadãos conscientes, capazes de analisar as várias situações de convivência social, bem como se expressar criticamente em relação a elas. O trabalho do Gestar II se baseia na concepção sócio-construtivista do processo de ensino-aprendizagem, visando uma construção do conhecimento conjunta entre alunos e professor, por meio de uma relação interdependente, apoiada no interesse e na participação ativa dos alunos e na atuação do professor enquanto mediador entre os alunos e o conhecimento social e historicamente construído.

Acredita-se que o Gestar é um poderoso recurso que poderá amenizar a grande dificuldade que os professores enfrentam no cotidiano da sala de aula (o envolvimento dos alunos nas atividades propostas), uma vez que as sugestões de atividades foram pensadas, buscando a participação ativa do aluno nas mesmas, tornando as significativas.


MEMORIAL REFLEXIVO.

Eu, Edileuza da Cruz Maçaneiro, iniciei minha jornada educacional em 1967, quando com 6 anos de idade, comecei a estudar numa escola pública chamada, Grupo Escolar Quintino Bocaiúva, em Ubiratã PR. Ainda me lembro do quanto me sentia insegura nos primeiros dias, por ter que ficar numa sala de aula com pessoas estranhas, pois meu irmão mais velho, meu porto seguro naquele mundo fora de casa, estudava em outra sala, e eu, sem a proteção dele, mais parecia um animalzinho assustado. Com o passar do tempo fui me familiarizando com a professora e os colegas de sala. A cada passo dado rumo ao mundo das letras, ia se revelando em mim a paixão pela educação, pois repassava aos irmãos menores tudo que aprendia na escola, ou melhor, que acreditava ter aprendido naquele momento. Meu quadro negro era as paredes de um velho galpão onde meu pai guardava a produção agrícola, e meu giz era carvão retirado do fogão a lenha em que minha mãe cozinhava. Algum tempo depois, já alfabetizada, olhava para aquele amontoado de letras registradas nas paredes que serviam de quadro e tentava decifrar o que havia escrito ali, sim, porque quando escrevia, atribuía significado à escrita e até fazia leitura para meus irmãos brincando de professora. Essa era minha brincadeira preferida, ao longo das séries iniciais sempre fui professora de brincadeira dos irmãos menores, sentia necessidade de dividir o que aprendia na escola. Nascia aí, a Educadora que sou. Minha primeira professora, Dona Joice é lembrada com carinho, pela forma com que pacientemente me conduzia nos primeiro passos para o mundo letrado. Nos anos posteriores tive algumas decepções, assim, algumas professoras são lembradas pelas marcas negativas que deixaram em mim, mas prefiro valorizar o lado bom da história, como por exemplo, o encantamento que tenho pela educação está relacionado à imagem da primeira professora. Naquela época tudo era difícil, a caminhada era longa de casa até a escola, às vezes enfrentando chuva ou frio, levava reguadas e puxões de orelhas por qualquer motivo, eu, particularmente porque era risonha. Isso mesmo, era punida até por sorrir demais. Enquanto atualmente acredita-se que sorrir é uma terapia. Contudo, a escola era um dos lugares que eu mais gostava, pois geralmente quando não estava na escola, estava trabalhando, ora ajudando a mãe nos afazeres domésticos ou cuidando dos irmãos menores, ora ajudando o pai nos trabalhos da roça. Nas séries finais do Ensino Fundamental, chamadas de Ginásio na época, eu estudava numa escola grande chamada Ginásio Estadual Carlos Gomes (em Ubiratã), e diariamente tínhamos o momento cívico, cantávamos o Hino Nacional ou outro, de acordo com a comemoração, todos os alunos organizados em filas e cada dia um (a) aluno(a) escolhido(a) pelos professores hasteava a bandeira durante o hino. Eu tinha um intenso desejo de pelo menos uma vez hastear a bandeira, mas não acreditava muito nessa possibilidade, pois a escola tinha muitos alunos, e quem era eu para me destacar entre tantos, uma simples aluna da zona rural, (naquela época era evidente a diferença entre pessoas da cidade ou do sítio) querendo hastear a bandeira? Certo dia, já na sétima série, o professor de português fez o convite, chegara o grande dia, não queria acreditar, pois os alunos que normalmente faziam esse papel eram sempre aqueles que se destacavam de alguma forma, ou porque eram muito bonitos, muito inteligentes, ou muito comportados, e eu não me encaixava nesse perfil, mas era verdade, eu ia hastear a bandeira. Meu querido professor Flávio nunca soube o tamanho da alegria que me proporcionou naquele dia, e sem dúvida, mesmo inconsciente, minha opção por estudar Língua Portuguesa (Letras) está relacionada a esse episódio, pois esse professor marcou positivamente minha trajetória educacional. Com essas lembranças vivas na memória, enquanto educadora, sempre tenho a preocupação de observar os alunos, assim como acredito que provavelmente o professor Flávio me observou a ponto perceber um grande desejo, algo tão simples aos olhos de um adulto, mas tão importante para a auto estima de uma criança. Por ter vivenciado essa experiência, procuro sempre ter a sensibilidade de compreender o que está por trás de cada olhar triste, desconfiado, desafiador etc., o que é muito comum entre nossos (as) alunos (as), tem sempre alguém esperando que percebam seu grito silencioso, seu conflito interior.

Minha jornada como educadora propriamente dita, teve início aos 17 anos de idade, com alfabetização para adultos (MOBRAL), depois foi com educação para adultos equivalente ao ensino Fundamental (Educação Integrada), foram três anos de experiências com educação para adultos. Aos 21 anos, já casada e influenciada por problemas pessoais, deixei o trabalho com a educação me dedicando exclusivamente à família. Com o passar do tempo fui me sentindo frustrada, apesar de ter constituído uma família, sentia falta de algo, mas não sabia exatamente do que. Alguns anos depois, morando numa comunidade rural, com a qual tenho vínculo até hoje, voltei a trabalhar com a educação e então me redescobri, era isso que estava faltando, a garotinha que ensinava os irmãos menores e a jovem que ensinava os adultos ainda estavam vivas em mim. Voltando a trabalhar, precisei também voltar a estudar, pois havia feito apenas o Ensino Fundamental na adolescência. Sem acesso a uma escola regular, conclui o Ensino Médio através do Provão. Um dia fui convidada por uma colega da escola na qual trabalhava, a fazer um vestibular. Na época a graduação parecia um sonho distante, ainda assim, arrisquei e fui aprovada para cursar uma Licenciatura Plena em Letras (Parceladas) pela UNEMAT. No início sentia-me um pouco inferiorizada em relação aos demais acadêmicos, por não ter cursado magistério como a maioria dos colegas. Porém, com o passar do tempo percebi que acompanhava a turma sem nenhum prejuízo. Em alguns momentos cheguei a superar minhas próprias expectativas, levando em conta comentários de alguns professores após analisarem meus relatórios. Sempre fui apaixonada pela arte de educar, mas quando me reporto ao período em que comecei, mesmo com falta de experiência e de formação e considerando os resultados atingidos, tenho a certeza de que a formação é necessária, mas a dedicação e o amor pelo que fazemos qualificam nossas ações.

Hoje, após 18 anos consecutivos na Educação, já atuei em várias funções na escola: professora regente, coordenação pedagógica, direção da escola e coordenação de grupos de estudo dos Parâmetros em Ação (PCNs). Todas as funções foram significativas, mas destaco a coordenação dos grupos de estudo dos Parâmetros, minha primeira experiência com formação de professores (as). Nesse período percebia através da participação dos professores nas atividades propostas, o desejo de buscar subsídios que contribuíssem com sua prática, seriedade e compromisso com a formação continuada, isso tornava o trabalho intensamente gratificante.

Minhas expectativas como formadora do Gestar II de Língua Portuguesa, são as melhores possíveis, uma vez que a maioria dos (as) cursistas afirma que essa formação veio ao encontro de suas necessidades, considerando até então, a carência de formação continuada para professores que atuam nas séries finais do Ensino Fundamental. Procuro contribuir com os professores cursistas, de forma que através da reflexão sobre sua prática pedagógica, possa melhorá-la, visando sempre a busca da qualidade do ensino e aprendizagem. Através das experiências vivenciadas nos encontros presenciais, visitas nas escolas e relatos dos professores, surge a esperança de melhoria na qualidade do ensino brasileiro

Edileuza da Cruz Maçaneiro

Alta Floresta – Junho/2009

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